terça-feira, 22 de maio de 2018

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

ETHOS, PATHOS E LOGOS


Aristóteles e a Argumentação


Na sua obra sobre retórica, Aristóteles distinguiu três formas de argumentação:
- argumentação baseada no caráter do orador (ethos);
- argumentação baseada no estado emocional do auditório (pathos);
- argumentação baseada nos argumentos propriamente ditos (logos).

Eis como Aristóteles, na sua obra Retórica, explica esta distinção:
Os argumentos convincentes fornecidos através do discurso são de três espécies: 1) Alguns fundam-se no caráter de quem fala; 2) alguns, na condição de quem ouve; 3) alguns, no próprio discurso, através da prova ou aparência de prova.
Os argumentos são abonados pelo caráter sempre que o discurso é apresentado de forma a fazer quem fala merecer a nossa confiança. Pois temos mais confiança, e temo-la com maior prontidão, em pessoas decentes (...). Isto, contudo, tem de resultar do próprio discurso, e não das perspetivas prévias do auditório quanto ao caráter do orador. A convicção é assegurada através dos ouvintes sempre que o discurso desperta neles alguma emoção. pois não damos os mesmos veredictos quando sentimos angústia e quando sentimos alegria, ou quando estamos numa disposição favorável e numa disposição hostil (...).
as pessoas são convencidas pelo próprio discurso sempre que provamos o que é verdade a partir de seja o que for que é convincente em cada tópico.

Podemos agora debruçar-nos sobre cada um dos tipos de argumentação, usados por todo aquele que pretende convencer um auditório. Tais argumentos são os que podem ser preparados pelo orador.




ETHOS


Ethos é o tipo de argumentação centrada na pessoa do orador. A persuasão é obtida quando o discurso é proferido de maneira a deixar no auditório a impressão de que o caráter do orador o torna digno de fé, confiança e credibilidade. Para Aristóteles, o orador é simbolizado pelo ethos: a sua credibilidade assenta na sua honorabilidade, na sua virtude, em suma, no seu caráter e na confiança que nele se deposita. Se colocamos a tónica no ethos, o papel do orador é determinante na retórica.
Sempre que um orador pretende persuadir um auditório, tem possibilidades de usar diferentes meios de persuasão. Uma argumentação baseada no ethos ocorre quando o próprio discurso (e não, por exemplo, a aparência física) causa no auditório a impressão de que o orador é digno de confiança. Para inspirar confiança, o orador deve revelar inteligência prática, um caráter virtuoso e boa vontade. Se conseguir tais objetivos terá mais probabilidades de persuadir um auditório. O ethos é, pois, o tipo de argumentação em que o discurso do orador põe em destaque as virtudes do seu caráter. O discurso valoriza o caráter moral do orador, o que torna mais provável que o auditório venha a ser seduzido e adira às teses do orador. É, em grande parte, por ficar convencido das virtudes e do caráter moral do orador que o auditório adere às ideias do orador, sendo o discurso, e não qualquer outro facto, que realça as qualidades humanas do orador. Se as virtudes do orador não forem acompanhadas por argumentos adequados, pode-se chegar à manipulação.




PATHOS


A argumentação pode basear-se no estado emocional do auditório. Neste caso, a argumentação funda-se no pathos. Trata-se de tentar obter a persuasão usando o discurso para suscitar no auditório sentimentos favoráveis à receção da tese que se quer transmitir. O discurso apela aos sentimentos e emoções dos ouvintes, impressionando-os, de modo a que eles adiram mais facilmente às teses do orador. Quando se argumenta por via das emoções elabora-se uma argumentação baseada no pathos, deixando, deste modo, no auditório um estado de espírito favorável à aceitação das ideias do orador. Este tipo de argumentação é centrado no auditório e, assim, o emissor deverá ser capaz de produzir um discurso que empolgue e impressione os ouvintes, que mobilize os seus sentimentos e emoções (alegria, tristeza, orgulho, desejo, etc.). Mesmo oradores com bons argumentos podem ter que se apoiar nas emoções do auditório para suscitar adesão. No entanto, se dermos ao pathos toda a ênfase poderemos cair numa retórica de manipulação.





LOGOS


Ao tipo de argumentação que valoriza os próprios argumentos dá-se o nome de logos. Neste caso, obtém-se a persuasão através de argumentos que levam o auditório a acreditar que a perspetiva do orador é correta. O logos é, portanto, o tipo de argumentação centrado na tese e nos argumentos, devendo apresentar-se bem estruturado do ponto de vista lógico-argumentativo. A argumentação, neste caso, deverá ser bem clara e compreensível. O logos está, pois, ligado à dimensão da linguagem e à importância das palavras, do seu rigor e coerência. Assim, é pelo discurso e pelos argumentos que se tenta valorizar uma tese e se procura a adesão dos ouvintes. Para Aristóteles, o logos é o tipo de argumentação mais apropriado, embora os outros possam ter também a sua importância. O logos é, pode dizer-se, o tipo de argumentação mais objetivo, pois o discurso deve obedecer a uma racionalidade lógica e possuir rigor. Mas também é possível que o discurso possa ser ornamentado e de caráter mais literário, recorrendo o orador ao uso de figuras de estilo, por exemplo. Contudo, se dermos ênfase ao logos teremos uma visão lógica e linguística da retórica.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

QUESTIONÁRIO - LÓGICA FORMAL

1 - Define conceito.
2 - Define termo.
3 - Define juízo.
4 - Define proposição.
5 -Quanto à qualidade, que juízos podemos ter?
6 - Quanto à quantidade, que juízos existem?
7 - Apresenta a constituição do juízo.
8 - Define raciocínio.
9 - Define argumento.
10 - Qual o nome dos termos e das proposições que fazem parte do argumento?
11 - Como se chama o tipo de raciocínio dedutivo que vamos estudar?
12 - Que podemos dizer acerca do termo médio?
13 - Onde é que o sujeito está distribuído?
14 - Em que proposições está o predicado distribuído?
15 - Apresenta a constituição das premissas.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

QUESTIONÁRIO - ARGUMENTOS INFORMAIS

1 - Nos argumentos informais a validade não depende só da sua ------------- ------------- .
2 - Quais os principais argumentos informais?
3 - Num argumento indutivo, a conclusão nunca é absolutamente ----------- , mas sim ---------.
4 - Como se designam os tipos de argumentos indutivos que estudámos?
5 - A generalização consiste em atribuir a ------- o que só sabemos de ----------.
6 - Na generalização, as --------- são sempre -------- abrangentes do que a ------------.
7 - Uma generalização tem sempre conclusão ------------.
8 - Uma generalização, para ser forte, tem que ter uma amostra -----------.
9 - Numa generalização não se pode omitir ----------- -----------.
10 - Uma previsão parte de casos passados para obter uma conclusão que se refere a casos ----- ainda não --------.
11 - Na previsão, a verdade da conclusão não é ----------.
12 - Numa previsão, quanto mais --------- o número de casos --------, mais -------- será a ocorrência de um caso igual.
13 - A analogia baseia-se numa -----------.
14 - A analogia compara duas realidades que assemelham em alguns aspectos conhecidos e, tendo uma delas uma certa característica, conclui-se que a outra ----------- -- -----.
15 - O argumento de autoridade apresenta uma conclusão que se baseia no testemunho de uma ------------- na matéria em causa, levando a aceitar tal conclusão como -----------.
16 - No argumento de autoridade deve haver ----------- entre os especialistas acerca do assunto em causa.
17 - No argumento de autoridade, a autoridade invocada tem ser ------------ sobre o tema abordado.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

NOÇÕES DE LÓGICA INFORMAL

PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTOS INFORMAIS


-Os argumentos informais são argumentos em que a validade não depende só da sua forma lógica.

-A validade destes argumentos depende também do contexto prático da argumentação, do seu conteúdo e do estado cognitivo do auditor.

-Os principais tipos de argumentos informais são os argumentos indutivos e os de autoridade.




OS ARGUMENTOS INDUTIVOS E OS SEUS DIVERSOS TIPOS


-Um argumento indutivo é aquele em que a validade não depende exclusivamente da sua forma lógica.

-Num argumento indutivo válido, a conclusão, embora não sendo absolutamente garantida pelas premissas, é fortemente apoiada por elas.

-Numa indução a conclusão nunca é absolutamente garantida, mas sim provável, plausível ou verosímil.

-Num argumento indutivo válido é muito provável que a conclusão seja verdadeira e, deste modo, o argumento é considerado forte.

-Existem três tipos de argumentos indutivos: a generalização, a previsão e o argumento por analogia.



A GENERALIZAÇÃO

-A generalização, como o próprio nome indica, consiste em generalizar, isto é, em atribuir a todos os elementos de uma classe aquilo que só vimos ou conhecemos em alguns.

-Este raciocínio leva-nos a dizer de todos aquilo que só sabemos de alguns.

-A conclusão de uma generalização será sempre bastante ampla.

-É evidente que quando atribuímos a todos os casos possíveis aquilo que só observámos em alguns, estamos a tirar uma conclusão geral a partir de premissas particulares ou menos gerais.

-Neste tipo de argumento, as premissas são sempre menos abrangentes do que a conclusão.-Numa generalização, a conclusão tem tendência a dizer mais do que as premissas, daí que a conclusão seja sempre universal.

-Contudo, este tipo de raciocínio não garante a verdade da conclusão.-Na generalização, a conclusão poderá ser muito provável ou plausível, mas nunca temos a garantia da sua absoluta verdade.

-Ainda que se parta de premissas verdadeiras, não há possibilidade de garantir logicamente a verdade da conclusão.

-Na generalização, as conclusões são logicamente falíveis.

-Há três regras fundamentais que se devem cumprir para que uma generalização seja forte.

-A primeira regra diz que a amostra deve ser ampla, ou seja, quanto maior for o número de casos observados, mais forte será o argumento (eu poderei dizer com mais força e legitimidade que “todas as bailarinas são vaidosas” se tiver observado 150 balarinas, do que se tiver observado só 3 ou 4).

-A segunda regra diz-nos que a amostra deve ser relevante, isto é, deve haver uma relação entre o conteúdo das premissas e o conteúdo da conclusão, de modo que toda a classe seja representada.

-Esta regra defende que uma amostra deve representar toda a classe e não apenas algumas das suas espécies e defende ainda que a conclusão não pode esquecer aspectos importantes e conhecidos da classe (para eu concluir com mais legitimidade que “todos os iogurtes são doces”, convém que prove de todos os sabores e de todas as marcas e que experimente também os iogurtes magros).

-A terceira regra diz: não omitir informação relevante, o que significa que não se pode ocultar informação importante quando queremos generalizar (eu não posso apresentar a conclusão que diz que “todos os alunos da turma X são simpáticos”, se um determinado aluno tiver sido profundamente antipático numa situação qualquer).

-Assim, um argumento é mau (inválido, fraco) quando esconde uma prova de que a conclusão é falsa.

-Este processo de generalização indutiva está, por exemplo, na base das sondagens e da investigação em algumas ciências, nomeadamente a biologia ou a sociologia.

-A generalização não afasta a possibilidade de erro, uma vez que não há garantia da verdade da conclusão. Isto acontece devido ao carácter «aberto» do raciocínio indutivo, já que a qualquer momento podemos descobrir um facto que altere completamente a conclusão.

-No entanto, deve afirmar-se que o raciocínio indutivo pode ser bastante preciso e de
confiança.



A PREVISÃO

-Numa previsão as premissas reportam-se sempre a um conjunto de casos e a conclusão diz respeito a casos particulares.

-Este tipo de argumento parte de casos passados para obter uma conclusão que se refere a casos particulares ainda não observados.

-Também na previsão a verdade da conclusão não é garantida.

-Efectivamente, nada impede que venha a ocorrer um resultado Z mesmo que nos casos observados até agora tenha acontecido sempre um resultado Y.

-A previsão é um tipo de raciocínio em que se espera que o que ocorreu até agora venha também a ocorrer no futuro, prevendo-se, deste modo, que a realidade e os fenómenos se mantenham constantes ou permanentes.

-Uma regra essencial para que uma previsão possa ser considerada forte é a seguinte: quanto mais elevado o número de casos observados, mais provável será a ocorrência de um caso igual (ainda não observado).




O ARGUMENTO POR ANALOGIA

-Este argumento consiste em atribuir uma propriedade a um objecto ou a uma situação, por tal propriedade ocorrer num objecto ou numa situação semelhante.

-Um argumento por analogia baseia-se numa comparação.

-O raciocínio analógico tem a seguinte estrutura: perante duas realidades que se assemelham fortemente e tendo uma delas uma certa característica, concluímos que também a outra tem essa mesma característica.

-Nos argumentos por analogia a conclusão não é garantidamente verdadeira, podendo estes argumentos ser mais ou menos fortes.

-Para determinar a força e a legitimidade de uma analogia é necessário recorrer a certos critérios ou regras.

-A primeira regra diz que a amostra deve ser suficiente, ou seja, a conclusão será tanto mais forte quanto mais elevado o número de objectos comparados.

-A segunda regra afirma que o número de semelhanças verificadas deve ser suficiente, o que significa que a força do argumento analógico cresce se o número de semelhanças verificadas aumentar.

-A terceira regra defende que as semelhanças verificadas devem ser relevantes, isto é, as semelhanças são relevantes se evidenciarem que há algo de significativo que efectivamente relaciona os objectos comparados.

-Do mesmo modo, podemos afirmar que uma analogia não tem validade se os objectos comparados não forem semelhantes nos seus aspectos relevantes.

-A falácia da falsa analogia ocorre quando há diferenças entre as duas coisas comparadas que derrotam a conclusão.

-Um argumento analógico satisfatório será o seguinte: «um homem grita quando lhe batem; um cão grita quando lhe batem; um homem foge quando lhe batem; um cão foge quando lhe batem, um homem sente dor quando lhe batem; logo, um cão sentirá dor quando lhe batem».




O ARGUMENTO DE AUTORIDADE

-Um argumento de autoridade consiste em defender a verdade de uma conclusão porque uma certa autoridade (uma ou várias pessoas, uma ou várias instituições) defende que ela é verdadeira.

-Num argumento de autoridade, a conclusão não é garantidamente verdadeira, mas as premissas podem apoiar fortemente a conclusão, isto é, podem contribuir bastante para que ela seja aceite como muito provável.

-Contudo, é necessário que a autoridade invocada satisfaça certas condições:

- A primeira é a condição de competência, o que significa que a autoridade invocada tem que ser competente no que respeita ao assunto em causa. Ou seja, as pessoas ou instituições mencionadas têm que ser especialistas de reconhecido mérito nos assuntos em questão.

-Por outro lado, deve haver consenso entre os especialistas sobre os assuntos abordados, o que quer dizer que não podem existir autoridades competentes que se contradigam.

-Platão e Descartes defendem que «a alma é imortal», mas há outros filósofos igualmente competentes que não defendem a mesma tese, logo, este não é um argumento inteiramente satisfatório e não podemos tomar a posição daqueles filósofos como uma justificação absoluta para acreditarmos na imortalidade da alma.

-Outra condição é a condição de imparcialidade, o que quer dizer que a autoridade invocada tem de ser imparcial sobre o assunto em causa. Por exemplo, se uma empresa tabaqueira declarasse que «o tabaco faz bem à saúde», não levaríamos a sério a sua posição, pois sabemos que essa empresa não é imparcial, dado o seu interesse em vender tabaco.

-Um argumento de autoridade satisfatório seria o seguinte: «os nutricionistas defendem que uma alimentação pobre em vegetais é pouco saudável; logo, uma alimentação pobre em vegetais é pouco saudável». De facto, sabendo que os nutricionistas são autoridades competentes e imparciais no que respeita à nutrição e que não há outras autoridades que os contradigam, a premissa constitui uma boa razão para aceitar a conclusão.